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26/04/2022

Elon Musk deve comprar Twitter

Cultura

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Twitter anuncia que aprovou proposta de compra da plataforma por Elon Musk. Valor está estimado em US$ 43 bilhões, cerca de R$ 215 bilhões. Com a finalização dos trâmites da compra, a plataforma deixará de ter capital aberto na bolsa de valores e passará a responder para um único dono: Elon Musk. Ele já adiantou três mudanças que deseja fazer. Vamos analisar cada uma delas.

1 - Redução da moderação de conteúdo

Nos últimos dias, Elon Musk reforçou que sua prioridade será garantir a liberdade de expressão na plataforma. O empresário é bastante crítico ao modelo atual da moderação de conteúdo das mídias sociais, inclusive o realizado pelo próprio Twitter. Uma das formas que Musk usou para explicitar essa sua opinião foi publicando um tweet, onde comparava Bill Gates a um emoji de um homem trans grávido, afirmando que aquelas imagens eram antídotos à excitação sexual. Na sequência do fio, comparou executivos do Twitter a dementadores.

O posicionamento favorável a maior liberdade de expressão não é uma novidade para a plataforma. Essa era a política corporativa e narrativa até meados de 2010, mas começou a dar muito errado, como detalhamos aqui. Moderação de conteúdo se tornou a alternativa para a sobrevivência financeira da empresa. Caso Musk realmente opte por moderar menos conteúdo, isso terá impactos na qualidade do debate coletivo e, potencialmente, na retenção de usuários.

Em outro tweet, Elon Musk afirmou que o Twitter era a nova “praça pública” e que, por isso, deveria respeitar discursos variados. Só que essa praça pública nunca foi tão privada quanto agora. O empresário deve centralizar o poder decisório em uma escala sem precedentes para as mídias sociais do mainstream. Ele não precisará responder a acionistas, mas precisará responder a governos. Por trás da promessa, Musk deve saber que precisará se adequar a legislações nacionais, garantindo a proteção de usuários contra discursos de ódio na maior parte dos países. Isso significa dizer que a promessa da liberdade de expressão irrestrita ou será vazia ou gerará prejuízos financeiros e bloqueio do Twitter. Em ambos os casos Elon Musk sairá com danos a sua imagem pública e aos seus negócios.

Regular discurso de terceiros é um dos grandes desafios da década. Plataformas estão reinventando formas de fazer isso, tentando de inúmeras formas afastar de si a responsabilidade pelo conteúdo que nelas circula. O Facebook, por exemplo, vem experimentando meios de garantir neutralidade na moderação de conteúdo com a criação do Oversight Board. Indo na contramão das soluções do mercado, Musk se coloca como um protagonista desse problema. Esse movimento vai trazer vulnerabilidades para seus outros empreendimentos, como a Tesla e até mesmo a SpaceX. Como bem apontou Melissa Chan (tweet aqui), o que acontecerá quando o governo chinês se irritar com ativistas chineses ou conteúdos na plataforma denunciando a perseguição do governo contra a população Uyghur?

Elon Musk deve perceber rapidamente que absorver para si a responsabilidade pelo discurso de pessoas do mundo inteiro traz mais dor de cabeça do que tentar colonizar Marte. Talvez traga mais prejuízos também. rs.

2 - Novos recursos e técnicas de autenticação

O Twitter deve passar a autenticar usuários de maneira individual a partir de documentações oficial, como RG, abandonando a política de pseudônimos. Espera-se que essa mudança dê mais meios de combater contas automatizadas utilizadas para spam ou comportamento inautêntico. A prática já é adotada na China e é considerada uma tendência em algumas aplicações online, como jogos (ver Roblox). Ainda assim, atrelar contas únicas a uma identidade oficial traz desafios de desigualdade no acesso, privacidade e mais.

3 - Transparência

Por fim, Musk prometeu transformar o algoritmo de classificação de conteúdo em código livre. Isso significa que qualquer pessoa pode olhar sob o capô para entender como a plataforma funciona, no detalhes. Isso não só trará maior visibilidade sobre as operações do Twitter, mas sobre toda a indústria. É revolucionário. O problema aqui é que, ao mostrar a receita do bolo, você permite que pessoas explorem as vulnerabilidades do seu sistema para benefício próprio. A transparência, nesse caso, é tanto promessa positiva quanto risco de vermos aumentar o comportamento inautêntico de atores maliciosos. Particularmente, acho que essa é a proposta mais interessante, mas muito difícil de sair do papel.

Talvez os próprios engenheiros da plataforma impeçam a liberação do algoritmo em código livre.

União Europeia avança na aprovação de lei que pode abrir algoritmos de mídias sociais. O bloco forçará as empresas de tecnologia a assumir maior responsabilidade pelo conteúdo que aparece em suas plataformas. As novas obrigações incluem a remoção mais rápida de conteúdo ilegais, explicar a usuários e pesquisadores como seus algoritmos funcionam e tomar medidas mais rigorosas contra a disseminação de informações falsas. As empresas que não se adequarem à regra sofrerão com multas de até 6% de seu faturamento anual. [Tecnoblog]

EUA: Livros censurados por bibliotecas e escolas serão disponibilizados online. A “Books UnBanned” é uma iniciativa da Biblioteca Pública do Brooklin  e visa contrariar as recentes tentativas de remover materiais de leitura de escolas e bibliotecas nos EUA. A maioria dos livros censurados era voltado para um público adolescente e foram escritos por ou sobre pessoas negras ou LGBTQ+. [VICE]

Twitter anunciou que banirá anúncios que neguem mudanças climáticas. O objetivo é defender e apoiar os esforços de cientistas em combater a destruição do meio ambiente e recuperação de ecossistemas. [Gizmodo]

Facebook deve indenizar brasileiro que teve conta invadida. A vítima ao saber que sua conta foi invadida, tomou as providências necessárias no sentido de pedir à empresa para restabelecer o acesso a conta, porém não teve resposta. A empresa foi condenada a indenizar um usuário que teve o seu perfil na rede social Instagram invadido, além de recuperar a conta. [Tecmundo]